Este ano tudo pareceu dar certo, as dores no tendão de aquiles e a canelite que me acompanharam em 2014, não mais eram problemas, a nova metodologia de treinamento, utilizando trainingpeaks, de Cris Solak, deram-me uma confiança muito grande.
Definitivamente o Ironman é uma prova que exige um excelente planejamento prévio, porém, imprevistos acontecem, no meu caso, uma válvula de pneu e parafusos mau apertados foram as duas que escaparam do planejado, resultando em uma largada estressante, onde fui o último a sair da área de transição para nadar, e uma parada de alguns minutos no durante o ciclismo, não posso dizer que seria um sub10 caso isto não acontecesse, de maneira alguma! Meu objetivo era um sub 10:30, em momento algum pensei em fazer algo melhor que isso, porém, aos poucos fui encaixando na prova, a natação não foi boa, errei na navegação, nadei mais de 4.500 metros, não me concentrei o suficiente e isto é uma grande falha! Saindo do mar com o relógio marcando 1 hora e 13 minutos, mesmo tempo de 2014, poderia ser um presságio de um arrastado sub 11, sem desmerecer esse tempo, mas não treinei o ano inteiro para fazer exatamente o mesmo tempo de 2014, pois um dos objetivos era melhorar minha marca pessoal de 10 horas e 52 minutos.
Iniciei o ciclismo me sentindo muito bem, comecei em potência crescente, até "encaixar", foi então que em uma das descidas do percurso o guidão da bike folgou, com muito sangue frio parei para consertar, retornei sem me abalar pelo tempo e posições perdidas, segui firme na primeira volta, sem tentar no entanto descontar o atraso, ao invés disso, preferi negativar, e fazer a segunda volta de 90km mais forte e consistente que a primeira, o que resultou numa potência normalizada de 185 Watts, exatamente a potência limite informada por meu treinador, "Vai firme até 185W!", em nenhum momento tirei isso da cabeça! Valeu Cris Solak!
Seguindo à risca a alimentação, não sobrou quase nada de comida, não tinha fome ou sede ao final dos 180kms de ciclismo, o que era um excelente sinal, as pernas estavam loucas para correr, minha T2 foi excepcional, apenas 1 minuto e 35 segundos, estava muito animado por correr naquele momento, me sentido cheio de energia, estavam também na T2 os alagoanos Fabrizio e Kenned, excelentes nadadores e ciclistas, o que me deixou ainda mais animado. Sai para correr com ritmo abaixo de 5 min/km desde o início, sabia da dificuldade de manter esse pace, principalmente nos kms finais, porém, a cada ultrapassagem a energia se renovava, a vontade de correr aumentava, encontrar Cris Solak, os amigos de Maceió que estavam na torcida e a Renata (minha esposa), tornava o ambiente ainda mais motivante. Diferente do ano passado, meu estômago não doeu, não tive rejeição ao gel, as pernas estavam muito boas e a cabeça 100% !!!
Não corri olhando o cronometro, apenas o relógio e o pace, fazendo contas para chegar antes das 17:30, então quando entrei na avenida búzios, na ultima volta, um outro atleta resmungou para mim: "Não vamos conseguir um sub10 por apenas 1 minuto! ", ele exagerou, pois faltavam ainda 2 km pra a linha de chegada, eu não estava preocupado com isso, meu objetivo estava alcançado com uma certa folga, acelerei e entrei na Av. Búzios emocionado, com várias pessoas falando meu nome "José!" conforme escrito no número de peito, encontrei Solak pela ultima vez no percurso, agradeci rapidamente e visualizei o corredor sem ninguém na frente ou atrás de mim, valeu a pena todo o esforço e disciplina, a arquibancada lotada e meu companheiro de treino, Josemar me aguardando logo após a linha de chegada. Momento único!