quinta-feira, 4 de junho de 2015

Meu Segundo Ironman (2015)

     Para quem  não conhece, pode até parecer fácil ou algo trivial, mas, participar de um ironman exige muito mais que uma bicicleta, óculos de natação e tênis de corrida, além de todas as parafernálias necessárias, é preciso muita consistência física nos treinos e uma força mental que tolere a dor e o cansaço.
     Este ano tudo pareceu dar certo, as dores no tendão de aquiles e a canelite que me acompanharam em 2014, não mais eram problemas, a nova metodologia de treinamento, utilizando trainingpeaks, de Cris Solak, deram-me uma confiança muito grande.
       Definitivamente o Ironman é uma prova que exige um excelente planejamento prévio, porém, imprevistos acontecem, no meu caso, uma válvula de pneu e parafusos mau apertados foram as duas que escaparam do planejado, resultando em uma largada estressante, onde fui o último a sair da área de transição para nadar, e uma parada de alguns minutos no durante o ciclismo, não posso dizer que seria um sub10 caso isto não acontecesse, de maneira alguma! Meu objetivo era um sub 10:30, em momento algum pensei em fazer algo melhor que isso, porém, aos poucos fui encaixando na prova, a natação não foi boa, errei na navegação, nadei mais de 4.500 metros, não me concentrei o suficiente e isto é uma grande falha! Saindo do mar com o relógio marcando 1 hora e 13 minutos, mesmo tempo de 2014, poderia ser um presságio de um arrastado sub 11, sem desmerecer esse tempo, mas não treinei o ano inteiro para fazer exatamente o mesmo tempo de 2014, pois um dos objetivos era melhorar minha marca pessoal de 10 horas e 52 minutos.
       Iniciei o ciclismo me sentindo muito bem, comecei em potência crescente, até "encaixar", foi então que em uma das descidas do percurso o guidão da bike folgou, com muito sangue frio parei para consertar, retornei sem me abalar pelo tempo e posições perdidas, segui firme na primeira volta, sem tentar no entanto descontar o atraso, ao invés disso, preferi negativar, e fazer a segunda volta de 90km mais forte e consistente que a primeira, o que resultou numa potência normalizada de 185 Watts, exatamente a potência limite informada por meu treinador, "Vai firme até 185W!", em nenhum momento tirei isso da cabeça! Valeu Cris Solak!
     Seguindo à risca a alimentação, não sobrou quase nada de comida, não tinha fome ou sede ao final dos 180kms de ciclismo, o que era um excelente sinal, as pernas estavam loucas para correr, minha T2 foi excepcional, apenas 1 minuto e 35 segundos, estava muito animado por correr naquele momento, me sentido cheio de energia, estavam também na T2 os alagoanos Fabrizio e Kenned, excelentes nadadores e ciclistas, o que me deixou ainda mais animado. Sai para correr com ritmo abaixo de 5 min/km desde o início, sabia da dificuldade de manter esse pace, principalmente nos kms finais, porém, a cada ultrapassagem a energia se renovava, a vontade de correr aumentava, encontrar Cris Solak, os amigos de Maceió que estavam na torcida e a Renata (minha esposa), tornava o ambiente ainda mais motivante. Diferente do ano passado, meu estômago não doeu, não tive rejeição ao gel, as pernas estavam muito boas e a cabeça 100% !!! 
    Não corri olhando o cronometro, apenas o relógio e o pace, fazendo contas para chegar antes das 17:30, então quando entrei na avenida búzios, na ultima volta, um outro atleta resmungou para mim: "Não vamos conseguir um sub10 por apenas 1 minuto! ", ele exagerou, pois faltavam ainda 2 km pra a linha de chegada, eu não estava preocupado com isso, meu objetivo estava alcançado com uma certa folga, acelerei e entrei na Av. Búzios emocionado, com várias pessoas falando meu nome "José!" conforme escrito no número de peito, encontrei Solak pela ultima vez no percurso, agradeci rapidamente e visualizei o corredor sem ninguém na frente ou atrás de mim, valeu a pena todo o esforço e disciplina, a arquibancada lotada e meu companheiro de treino, Josemar me aguardando logo após a linha de chegada. Momento único!